Você já deve ter escutado alguma versão de “Louca” por aí, mas você sabe como surgiu essa música atemporal? O Portal Embrazado te convida a uma viagem no tempo até o ano de 2005 pra contar essa história.
Naquela época o SBT reprisava pela segunda vez a novela mexicana Maria do Bairro, uma campeã de audiência no mundo inteiro. Coincidência ou não, foi também em 2005 que Thalía, protagonista da telenovela, lançou seu nono disco de estúdio, “El sexto sentido”.
O álbum foi um sucesso de vendas, chegou ao top 3 da Billboard estadunidense e ganhou indicação ao Grammy Latino em 2006. É nesse álbum que “Loca” aparece pela primeira vez, gravada em espanhol.
Mas “Loca” nem parece ter feito muito sucesso na gringa. A música tem pouquíssimas publicações relacionadas, sequer um videoclipe oficial ou versão ao vivo da própria Thalía conseguimos encontrar pela internet. Talvez a artista nem tenha trabalhado na divulgação da canção.
Se lá fora ela não fez tanto sucesso, aqui no Brasil a canção ficou eternizada em vozes e ritmos diferentes. Ao que tudo indica, a história brasileira da música começa a ganhar forma em meados de 2006, quando o compositor Renato Moreno, nome influente no circuito do forró cearense, traduziu a música para o português.Logo a canção conquistou o público com o Forró Chega Mais, a banda Garota Safada (com Mara Pavanelly nos vocais) e Solteirões do Forró (com Taty Girl como vocalista) e no Forró do Muído (com Simone e Simaria à frente da banda).
Em Pernambuco, quem imortalizou a canção foi a cantora Carla Alves, vocalista da Banda Kitara na época. “É minha preferida até hoje de todas as músicas que eu gravei na vida”, revelou Carlinha, que em entrevista pra gente contou mais sobre o primeiro sucesso da sua carreira.
Eu digo que quando eu tiver 70 anos ainda vão me olhar e dizer ‘Carla canta Louca pra mim!’
Carla Alves
“Eu digo a todo mundo que quando eu tiver 70 anos ainda vão me olhar e dizer “Carla canta Louca pra mim!”, porque foi muito forte, fez um sucesso enorme”, revela. A referência na época foi a versão de Mara Pavanelly: “Seria um sonho regravar essa música com ela, porque eu peguei através dela a música e desde então virei fã número 1. Aí tipo assim, foi até rápido a gravação e quando saiu a música foi uma surpresa muito grande porque foi bem rápido que o povo gostou e fez sucesso”, relembra Carlinha.
Na voz de Carla a música se tornou um hino absoluto do brega recifense. A versão da Kitara é tão forte que desencadeou uma série de tantas outras versões, como a da cantora carioca Alice Caymmi, que levou a canção para um outro ambiente, o da música eletrônica.
Fiquei com a música (na versão de Kitara) na cabeça por uma semana, não saia da minha cabeça.
Alice Caymmi
“A história de escuta dessa música é muito engraçada porque eu tava em Pernambuco, na casa de uma amiga, e ela botou uma playlist, aí comecei a prestar atenção e tocou essa música, na versão da Kitara. Aí eu fiquei com essa ela na cabeça uma semana”, relembra Caymmi. Foi com João Brasil (o cara daquela música Michael Douglas) que ela produziu a canção sem sequer conhecer a versão da Thalía: “Eu fui ver a versão original da Thalía e aí já tinha gravado a minha e na verdade é um dramalhão danado, não era uma música dançante”.
De volta ao Recife, o grupo Estesia também investiu em uma sonoridade eletrônica para a música, mas com ritmo menos acelerado e uma atmosfera synthpop que misturou influências do cantor londrino James Blake e do trap americano. Tom BC, integrante da banda contou que a ideia de incluir a música no repertório surgiu nos shows “A gente gostava demais da versão de Kitara, tá no imaginário daqui do Recife. Porque realmente é muito forte, né? Todo mundo canta. E aí a gente resolveu fazer uma versão no disco que a gente lançou no ano passado”, explica.
Tom também revelou os recortes que compõem a versão do Estesia: “Na verdade essa música é um recorte estranho, louco, dessa coisa, da Kitara, tem uma coisa meio James Blake com sintetizador… E o estesia que é sofrido assim, essa coisa meio roedeira”, afirma o músico.
Entrevista com o compositor
Mas o que Thalía acharia dessas interpretações? Segundo Jose Luis ‘Pepe’ Pagan, compositor da música original, ela curtiria todas! A gente conseguiu achar o cara no Instagram e ele nos respondeu por texto algumas curiosidades sobre a canção que provavelmente você também tem.

Embrazado – Como foi a gravação do álbum “El Sexto Sentido”, de Thalía?
Jose Luis ‘Pepe’ Pagan – A gravação de “El sexto sentido” foi entre Miami, Nova York e Argentina. Pessoalmente, foi um projeto muito importante porque consegui produzir mais da metade do álbum, sete músicas das quais co-escrevi, seis com o Estéfano (Fabio Alonso Salgado). É um álbum que teve muita liberdade criativa e muita confiança por parte da Thalía para criar um álbum forte.
Como nasceu “LOCA”?
“Loca” nasceu de uma composição baseada primeiro na música e depois na letra, a ideia era ter uma melodia profunda e viciante, fácil de lembrar, mas complexa na hora de fazer. O toque criativo das letras foi uma genialidade de Estefano que sempre foi diferenciado na hora de compor.
É uma balada italiana clássica, que é ao meu gosto, o berço mundial das baladas, os italianos são os mestres deste estilo devido à sua formação musical clássica e bela desde o berço. O arranjo das cordas valoriza a mensagem das letras, as cordas foram gravadas na Argentina. O solo de guitarra é um gênio de Michael Thompson gravado em NY. Os coros foram gravados na Argentina e são muito importantes quando se trata de reforçar uma melodia coral como tem no refrão.
Thalía amou a música assim que pôde ouvi-la. Foi amor à primeira vista. Sua voz foi gravada em NY, no histórico estúdio Avatar, e foi um momento muito emocionante e profundo.
Você já conhecia as versões brasileiras da música?
Descobri pela minha editora que havia um pedido de cover da música em português por Alice Caymmi. E isso me deixou muito feliz. Adoro ouvir versões das minhas canções em outras línguas. A música é assim, ela abre portas por si mesma e chega a lugares que nunca se espera, por isso é a linguagem universal.
Pedimos ainda que Jose Pepe Luis indicasse suas duas versões preferidas para a música e ele apontou Taty Girl e Alice Caymmi como suas preferidas.
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