São 50 anos de carreira e mais de 12 álbuns gravados, essa é a bagagem musical de Walter de Afogados, cantor e compositor recifense que carrega no nome artístico o bairro onde residiu por muitos anos. O artista nos falou sobre as influências que o levaram à construção de um suingue próprio, misturando cumbia, merengue e o fandango (herdado do avô), com o reggae, o afoxé e o brega. Walter revelou também detalhes sobre a carreira, desde as bandas de baile nos anos 70, passando pelo convite para se lançar em carreira solo, até a guinada para o brega.
Foi no brega recifense que o artista mais se destacou, assinando alguns dos maiores clássicos do gênero. Composições suas como “PM do Amor”, “Lua de Mel”, “Vem me amar” e “Homem Animal” marcaram gerações com outros intérpretes, enquanto na sua voz músicas como “Bola da vez” e “O Raparigueiro” ficaram cravejadas na memória afetiva local. Mas foi como compositor de “Morango do Nordeste”, sucesso absoluto em 2000, que Walter de Afogados foi revelado nacionalmente.
Embora muito lembrado como cantor e compositor de bregas marcantes, a música de Walter tem sonoridades particulares que vêm repercutindo para além do circuito tradicional desse gênero. Recentemente, a DJ britânica Poly-Ritmo abriu o set “Records from Brazil” tocando a fantástica “Ilumina” – hoje o vídeo acumula aproximadamente meio milhão de visualizações no YouTube. Conversamos com ele sobre a história dessa música, que aparece no seu LP de estreia – Walter de Afogados (1986).
Na conversa, realizada ao ar livre no Bairro do Recife, o artista ainda mostrou alguns dos discos em que fez participação especial. Como cantor, esteve em dois álbuns lançados em 1989, o Frevança, pela Rede Globo, e o Arlequim, de Antônio Madureira, cantando a faixa Nação Esplendor – um maracatu de baque virado. Já assinando composições, mostrou discos de Caju e Castanha, Marlene Andrade e Xuxane Berenguel, “minha amiga que queria ser Xuxa”, sorriu Walter.
Por fim, o artista revelou insatisfação quanto ao reconhecimento que recebe como músico pernambucano, apesar do destaque conquistado em 2000 e da agenda ainda movimentada. “Eu me sinto injustiçado, sabe… Já provei pra minha cidade e pro meu estado o que escolhi pra mim, por onde passei fiz honra ao meu nome e à minha cidade. Sinto muito por não pensarem assim de mim.”
A entrevista com Walter de Afogados foi filmada e fotografada por Marlon Diego, respeitando as medidas de distanciamento social e segurança sanitária vigentes na cidade do Recife.
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